“Hoje eu sei dizer não sem medo. E se eu falo demais é porque fiquei calada durante muito tempo”, conta a instrutora de yoga, L A. Os olhos ainda se entristecem ao lembrar dos 16 anos de relacionamento abusivo. “Ele dizia que tudo era nosso, mas quando me mandou embora de casa disse que eu não levaria nada, que não tinha direito nenhum. Durante o casamento tive várias depressões, ele me oprimia, sofri muita violência psicológica e só entendi isso depois que cheguei à Casa da Mulher”, explica ela, que hoje tem novas perspectivas de vida e faz parte da turma de 28 alunas que serão certificadas no curso de Auxiliar Administrativo, nesta quarta-feira(10), na Casa da Mulher Brasileira (CMB), equipamento da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).
“Para além da capacitação, o curso possibilita o encontro e a partilha de histórias, elas vão reconstruindo a autoestima e autoconfiança no momento em que entendem através das histórias umas das outras que é possível seguir em frente e reconstruir suas vidas. A capacitação profissional é a porta de saída da Casa da Mulher, porque é através da autonomia econômica que elas rompem com o ciclo da violência”, expõe a coordenadora da CMB, Daciane Barreto.
A coordenadora do setor promoção da autonomia econômica, Daniele Cordeiro, festeja a conclusão da primeira turma ofertada dentro da Casa. “Elas se sentem mais seguras, mais acolhidas, se sentem em casa”, aponta Daniele. Para ela, além da sensação de segurança das alunas, há um acompanhamento ainda mais intenso da presença e do aproveitamento dessas mulheres nas aulas.
Além das turmas na Casa, as mulheres são encaminhadas para cursos em outros equipamentos da SPS, como os Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) e Escola de Vida Sabor e Arte (Evisa). São ofertados cursos como Empreendedorismo, Corte e Costura, Cabeleireiro, Design de Sobrancelhas, Informática Avançada, Atendente de Farmácia, Inglês, Salgadeira/Auxiliar de Cozinha, Cozinha saudável, Lancheteria e Manicure.
“Larguei a faculdade e deixei de assumir um concurso público porque ele tinha ciúmes. Eu só não sabia que ao fazer isso estava deixando minha vida de lado para ser uma sombra sem expressão, completamente dependente. Passei nove anos com um homem machista, que me colocava para baixo o tempo inteiro. Quando procurei a Casa da Mulher eu já estava no meu limite, hoje estou reconstruindo a vida ao lado meu filho, moro sozinha e me viro dando aulas de reforço. O curso tem sido uma inspiração para buscar minha independência financeira, voltar à faculdade e refazer minha vida”, completa D. M.C.
Casa da Mulher Brasileira
A CMB é um equipamento da Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) que atua com rede de proteção e atendimento humanizado às mulheres que foram vítimas de violência. Em um ano de funcionamento, a Casa realizou 22.409 atendimentos, entre primeiro acolhimento e retorno. A média em um ano é de 62 atendimentos por dia.
Fonte: Ascom SPS
