Fortaleza, CE – Com o fim da quadra chuvosa de 2025, o Ceará alcançou 55% de sua capacidade total de armazenamento hídrico, o equivalente a cerca de 10,2 bilhões de metros cúbicos de água nos 157 reservatórios estratégicos monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (4), em coletiva de imprensa na sede da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH).
Apesar do volume de chuvas ter sido inferior ao do ano passado, o Estado manteve um nível de armazenamento semelhante, o que reforça a eficiência da gestão hídrica integrada. O secretário dos Recursos Hídricos, Fernando Santana, destacou o trabalho conjunto de órgãos como Cagece, SRH, Cogerh, Sohidra, Defesa Civil e Sisar. “Trabalhamos com uma gestão participativa e diversificada, assegurando o abastecimento em todas as regiões”, afirmou.
Entre os destaques positivos da temporada está o retorno da sangria do Açude Orós, o segundo maior do Estado, que voltou a transbordar após 14 anos. O fenômeno não ocorria desde 2011 e foi impulsionado por chuvas concentradas em sua bacia de contribuição.
As regiões do Acaraú, Coreaú, Litoral, Metropolitana, Serra da Ibiapaba, Curu e Alto Jaguaribe apresentaram situação considerada “muito confortável”, com volumes superiores a 70% da capacidade.
Outro ponto relevante foi o desempenho das Bacias Metropolitanas, que registraram o maior aporte dos últimos 20 anos: 911,4 milhões de metros cúbicos em seus 23 reservatórios. Segundo o presidente da Cogerh, Yuri Castro, “esses bons resultados garantem, pelo quinto ano seguido, que a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) não dependerá do Castanhão para o abastecimento”.
Contudo, nem todas as regiões apresentam o mesmo cenário. A bacia dos Sertões de Crateús, por exemplo, encerrou o período com apenas 20% da capacidade. O Banabuiú está com 36%, enquanto o Médio Jaguaribe, onde está o Castanhão — maior açude do Ceará —, conta com 30% de volume armazenado. O Castanhão, que chegou a apenas 2,1% em 2018, hoje está com 29%, mas segue fora da matriz de abastecimento da capital, graças ao desempenho satisfatório dos açudes Pacoti, Pacajus, Riachão e Gavião.
Chuvas dentro da média, mas com distribuição irregular
De acordo com a Funceme, a quadra chuvosa de 2025 registrou um acumulado de 517,6 milímetros — dentro da média histórica, mas com um desvio negativo de 15%. O trimestre principal (fevereiro a abril) teve chuvas irregulares, como já apontava o prognóstico divulgado no início do ano.
“O cenário observado foi o mais provável, com grande variabilidade espacial. Houve áreas com chuvas acima da média, especialmente no litoral e no entorno do Orós, mas boa parte do interior ficou abaixo do esperado”, explicou o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Rodrigues.
Segundo levantamento, 59,4% do território cearense ficou com precipitações abaixo da média. Os maiores volumes se concentraram entre Fortaleza e Pecém, com acumulados de 936,1 mm e 693,1 mm, respectivamente.
A quadra de 2025 reforça os desafios da gestão hídrica em um estado de clima semiárido, mas também evidencia avanços importantes na captação, distribuição e preservação dos recursos.
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