A aposta em Marina Silva é de alto risco por várias razões.
Dilma Rousseff e Aécio Neves representam forças claras e explícitas e são personalidades racionais.
Dilma defende um neo-desenvolvimentismo com uma atuação proativa do Estado e Aécio a volta ao neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso.
Assim como FHC, Aécio estará ausente do dia a dia. Mas certamente se cercará de um Ministério de primeira grandeza e há uma lógica econômica por trás de suas propostas.
Até onde pretenderá chegar com o desmonte do Estado social, é uma incógnita. Mas age com racionalidade.
Já Marina é uma incógnita completa.
Primeiro, pelos grupos que a cercam e que querem um pedaço desse latifúndio. E ela não tem um grupo para chamar de seu, a não ser para o tema restrito do meio ambiente.
Haverá uma disputa dura para saber quem a levará pela mão: economistas de mercado, os grandes empresários paulistas, ambientalistas radicais, os egressos do PSB e – se Marina se consolidar – os trânsfugas do PSDB paulista.
O segundo dado é o mais confuso: a personalidade de Marina que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém.
Os que conviveram com Marina no governo reforçam algumas características:
1º – Dificuldade em entender economias industriais.
2º – Baixo pique operacional. Praticamente não conseguiu colocar de pé nenhuma de suas propostas à frente do Ministério do Meio Ambiente.
3º – Jogo de cintura nenhum.
Tudo isso seria contornável, não fosse um aspecto de sua personalidade: teimosia e voluntarismo exacerbados. No governo Lula era quase impossível a outros Ministros definir pactos com Marina. Nas vezes em que era derrotada, costumava se auto-vitimizar.
Os empresários paulistas que apoiaram sua candidatura estavam atrás do símbolo político, o Lula de saias, o Avatar dos novos tempos. Vice de Eduardo Campos seria o melhor dos mundos, pois o presidente asseguraria a racionalidade do governo.
Colocaram como seus porta-vozes economistas, importaram o brasilianista André Lara Rezende, que encontrou a melhor síntese para casar o livre mercadismo com as propostas ambientalistas de Marina: o país não pode crescer para não comprometer o equilíbrio do meio ambiente mundial. Quem chegou, chegou, quem não chegou não chega mais.
Experiências recentes do país indicam que o componente pessoal, a psicologia individual é um ponto relevante na análise de figuras públicas.
Resta saber se o país está disposto a pagar para ver.
Para os mercadistas: aguardem um mês de campanha antes de iniciar a cristianização de Aécio, para poder entender melhor a personalidade de Marina.
É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando.
por: Luis Nassif