FAMÍLIA E EDUCAÇÃO FORMAL
Graças ao espírito visionário de seu pai, o agropecuarista, João Alves de Mesquita, Seu João Pinto, Monteiro estudou juntamente com o irmão e padre, Enéas Alves de Mesquita, na Escola Apostólica dos Jesuítas, em Baturité (Ce).
A formação cristã e inaciana que recebeu contribuiu para que Monteiro aderisse aos valores conciliadores e humanistas do justo convívio, tão largamente disseminado, também por meio da loja maçônica pedrabranquense, que teve em papai um dos fundadores e entusiastas.
Monteiro foi auditor da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará e por meio da SEFAZ alcançou, depois de décadas, sua aposentadoria.
Na maturidade, sobretudo, passou a dividir seus afazeres de fiscal de tributos com a atividade de agropecuarista em terras que lhe foram legadas, antecipadamente, pelo pai que à época já carecia da cooperação dos filhos para tocar parte do latifúndio que amealhou às custas de muitas safras e horas trabalhadas.
Antônio Monteiro foi casado por mais de 50 anos com a Maria Jonice Moreira de Mesquita, uma anfitriã acolhedora e culinarista de receitas inesquecíveis.
Dona Jonice é ainda hoje reverenciada por aqueles que partilharam de sua gentileza, como a esposa inflexível em sua lealdade, a parceira amorosa, cristã, carismática e altruísta, ou seja, aquela que auxilia sem fazer distinção ou visar compensação.
Jonice e Antônio conceberam uma família de seis filhos: João Alves de Mesquita Neto, Joaozinho, primogênito pelo qual muitos lamentaram a morte precoce à entrada de 2024; César Augusto Moreira de Mesquita, jornalista que perseguiu precisão e afeto na coleta de dados e elaboração deste relato.
São filhos ainda do casal: as gêmeas Maria Lúcia de Mesquita, Fátima Castro Mesquita; Jorge Henrique Moreira de Mesquita e Ana Luíza Moreira de Mesquita.
VIDA PÚBLICA E TRAJETÓRIA POLÍTICA
A ata de posse e eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Pedra Branca, de 31 de janeiro de 1977, registra o primeiro mandato de Antônio Monteiro de Mesquita como um dos vereadores eleitos no segundo semestre do ano anterior.
Naquela mesma data foi alçado à condição de presidente do Legislativo municipal. O vice-presidente da Casa, eleito na composição da mesma mesa diretora foi Moacir Pereira Carnaúba.
As sessões especiais de posse na Câmara das respectivas eleições de 1968 e 1972 não indicam a representação parlamentar de Monteiro de Mesquita.
Em 1982 nosso biografado concorreu ao cargo eletivo de prefeito de Pedra Branca, porém não obteve êxito, cabendo a vitória no pleito ao produtor e comerciante, Antônio Rodrigues de Oliveira.
Em primeiro de janeiro de 1989, o arquivo da Câmara pedrabranquense consigna a posse de Antônio Monteiro de Mesquita, em seu segundo mandato como vereador e também titular da presidência da Câmara, isto no primeiro biênio daquela sessão legislativa.
A eleição em 15 de novembro de 1988, relativa a posse citada, somou um total de 8.314 votos para o prefeito eleito, Francisco Ernesto Cavalcante. O vereador, Antônio Monteiro de Mesquita foi o terceiro parlamentar melhor sucedido com 528 votos.
Luciano Cavalcante Abreu figurou em primeira colocação ao obter a adesão de 898 eleitores e Gilberto de Souza 672 deles. Dados da coordenadoria de Estatísticas Eleitorais do TRE-CE.
EMBRIÃO DE UMA CASA NOVA
Nos dois primeiros anos de seu mandato, ao final da década de 1980, o presidente do Legislativo de Pedra Branca, Monteiro empenhou-se em oferecer conforto, adequação funcional e condições dignas de trabalho ao quadro de servidores ainda na antiga sede da Câmara, localizada Rua Augusto Vieira, onde atualmente opera uma loja de utensílios em plástico.
A renovação do mobiliário, a construção de banheiros, a adoção de um acabamento interno mais condizente, executados sob a supervisão e incentivo de Antônio Monteiro foram o embrião para que os maiores interessados se convencessem da necessidade do atual prédio-sede, edifício Benício Vieira Cavalcante, inaugurado nas gestões de Francisco Ernesto (prefeito) e Edson Campelo Leandro (presidente da CMPB, entre 1991/1992).
CONSTITUINTE E VIDA ORGÂNICA AO MUNICÍPIO
Em 1990, no exercício da presidência da Câmara, e consequentemente, presidência da Assembleia Municipal Constituinte, Monteiro encabeçou os trabalhos de promulgação da lei Orgânica do município.
Este mesmo colegiado era composto também por: José Gilberto de Souza, vice-presidente; Francisco Wiron Holanda Cavalcante, primeiro secretário; e Paulo Moreira de Souza, segundo secretário, entre outros vereadores. A promulgação da Lei Orgânica pedrabranquense tem como data precisa o 5 de abril de 1990.
Convém realçar que a Lei Orgânica é essencial à municipalidade. Funciona como a espinha dorsal de toda legislação que o município virá a promulgar em decorrência dela. É uma extensão do que a Constituição Federal preconiza como mais valioso na convivência sócio-política e econômica.
A Lei Orgânica rege o funcionamento dos serviços e patrimônio públicos municipais. dispõe sobre aspectos relevantes, a exemplo de: Arrecadação tributária, trânsito seguro, fluidez nas vias públicas, déficit e ordenamento de moradias, implantação da rede de saneamento e abastecimento de água, premissas, que a rigor, são esmiuçadas e atualizadas no Plano Diretor Urbano.
IDAS E VINDAS, FOGOS ALTERNADOS E CASSAÇÃO DEFINIDA
No ano de 1993, Antônio Monteiro exercia a vice-prefeitura pedrabranquense. Antônio Rodrigues de Oliveira estava prefeito. Fatos políticos e administrativos, que até hoje ainda geram opiniões antagônicas, à época, suscitaram questionamentos judiciais.
O eleitorado de Pedra Branca e simpatizantes se viram divididos em meio à decisões que oscilaram a favor e contra o processo de cassação pleiteado por Antônio Monteiro de Mesquita.
O demandante, Monteiro vivenciou, então, três momentos de posse como prefeito de Pedra Branca que a Câmara municipal historia através de suas atas.
Em 30 de abril de 1994, Monteiro foi empossado pela primeira vez por curto um período de três meses na chefia do Executivo em razão da cassação requerida. Ainda em 20 de agosto de 1994, Antonio Rodrigues retornou ao seu cargo eletivo mediante revisão, temporária, de decisão anterior.
Em 20 de maio de 1995, Monteiro retoma o comando do exercício da Administração municipal, mas tão somente por um mês, tendo em vista uma segunda reconsideração judicial pró-Antônio Rodrigues.
Por fim, os anais da Câmara pedrabranquense relata uma terceira posse de Monteiro de Mesquita, em 20 de dezembro de 1995 o que lhe possibilitou permanecer no cargo até 31 de dezembro de 1996.
Claro, em razão da justiça lhe ter sido, aí sim, definitivamente favorável. Ao todo, entre idas e vindas, neste período de imbróglio político e administrativo, e gestão entrecortada, Monteiro totalizou 16 meses como prefeito.
ASCENDÊNCIA POLÍTICA
Convém registrar que em nossa pesquisa, nos anais da Câmara municipal de Pedra Branca, nos deparamos com a ata de posse do pai de Antonio Monteiro de Mesquita. O agropecuarista, João Alves de Mesquita, a quem todos conhecem como João Pinto, assumiu o mandato de vereador em 25 de março de 1963. Data que aponta também a eleição e presidência do comerciante, Cícero Facundo de Matos.
RETAGUARDA E COLABORAÇÃO DECISIVA
Em que pese Monteiro ter se esquivado de disputar novos mandatos com a chegada dos primeiros anos de 2000 seria uma leviandade e deturpação histórica ignorar o alto grau de influência eleitoral que ele exerceu, ao longo de toda a sua trajetória, em prol de inúmeros candidatos à vereança, entre os quais o próprio primogênito, Joãozinho, e em especial o construtor, ex-prefeito e sobrinho, Antônio Góis Monteiro Mendes.
GENTILEZA E INTEGRAÇÃO
Entre os servidores da Câmara Municipal pedrabranquense, Monteirinho será lembrado também como o presidente do Legislativo que primava pela proximidade e amabilidade para com seus colaboradores.
Foram incontáveis os finais de semana de descontração, banhos e delícias à mesa, que o então presidente e vereador proporcionou, às próprias custas, a seu quadro funcional, no sítio Cajazeiras.
O propósito era um só: promover a integração, o engajamento e o altruísmo entre tantos que o tiveram como um mestre.
ESSÊNCIA E CONCLUSÃO
Profundo conhecedor das demandas municipais, um articulador hábil, talhado em décadas de experiência, prática da conciliação e fraternidade, Antônio Monteiro de Mesquita fez valer seu apreço pelo bem-estar coletivo e paixão por sua origem.
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CRÉDITOS
A cooperação das servidoras da Câmara Municipal pedrabranquense:
Francisca Mirtes Veríssimo, (arquivista); Aurineide Souza, Maria do Socorro Vieira Costa e Ângela Amorim que há décadas dedicam-se à excelência do funcionamento legislativo e assessoria parlamentar foi a razão de enriquecermos este texto com a inserção de informações consolidadas nos anais. Portanto, reitero nestes créditos minha eterna gratidão a todos os citados e até omitidos por algum lapso de memória.
Texto: César Moreira